Repaginando – Viola Requinta
Repaginando – Viola Requinta

Entre afinações e afetos: o que nasceu quando afinei minha machete em Ré

No dia 20 de dezembro de 2024, num fim de tarde quieto e azul em Curitiba, lancei o EP “Repaginando – Viola Requinta”. São cinco faixas, cinco pequenos mundos gravados em casa, no tempo que a música me pediu. Sem pressa. Sem plateia. Só eu, a viola requinta e o silêncio ao redor.

A viola requinta é uma parente menor e aguda da viola caipira. No meu caso, usei uma machete portuguesa, afinada em cebolão em Ré. É um timbre delicado, que vibra entre o ancestral e o novo — e que me levou por caminhos inesperados enquanto tocava.

As músicas nasceram de lugares diferentes: algumas da saudade, outras da ternura. Outras ainda, de uma vontade silenciosa de celebrar o tempo passando.

  • “Diálogos Polifônicos e um Refrão” abre o EP como quem puxa a cadeira para conversar — entre frases que se entrelaçam como vozes em pensamento.
  • “Você”, agora remasterizada, guarda um gesto íntimo. Uma música escrita com leveza, como um bilhete deixado sobre a mesa.
  • “Valsa da Bonequinha” foi feita para minha filha, Gabi. É uma canção de brinquedo, de inventar mundos no chão da sala.
  • “Auld Lang Syne”, esse clássico de fim de ano, entrou como quem acende a última vela da noite. Uma despedida doce, que abraça o que passou.
  • “Always on My Mind” fecha o ciclo de forma instrumental — memória pura, tocada como se fosse sussurro.

Não há grandes arranjos, nem edições milimétricas. Só o som da madeira, das cordas, dos dias que passam e deixam uma canção atrás de si. Tudo foi gravado aqui, em casa. No meu canto. Com os mesmos elementos de sempre: silêncio, tempo e alma.

Se você escutar com fone de ouvido, talvez ouça o ranger da cadeira. O respirar entre uma frase e outra. A viola ressoando mais forte num trecho, mais tímida noutro. É tudo real. Como deve ser.

Repaginando – Viola Requinta é, antes de tudo, um convite. A abrir espaço para escutar devagar. A deixar que a música acalente a alma, mesmo que por poucos minutos.

Está disponível nas plataformas. Mas mais do que clicar, recomendo: escute como se estivesse ouvindo alguém contar uma história ao pé da rede.

Por Trás da Cortina

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